sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Supermercado Eleitoral

O Brasil vive as eleições municipais. Momento de fundamental importância na lógica social, pois é a soma de todas as cidades que delineia a vida que o brasileiro tem em suas diversas nuances: saúde, educação, habitação, segurança, emprego.

Apesar disto, na maioria dos municípios o que se percebe é o desinteresse do eleitor, refletido pela indecisão na escolha dos candidatos a prefeito e a vereador. Como se estivesse em um “supermercado” lotado de produtos e mesmo bombardeado pela propaganda, o eleitor parece apático como se a eleição não fosse alterar a sua rotina, não parecendo disposto a “comprar” nada do que lhe oferecem.

Um das razões é que as eleições municipais se tornaram um “varejo” de duvidosa qualidade. A maioria dos candidatos a vereador apresenta propostas ilusórias, desconhece totalmente a função do legislativo municipal e não possui o “conteúdo” necessário para exercer a função. As mensagens que tentam passar nos segundos disponíveis no rádio e na TV parecem “promoção” de final de semana e quem precisa dar “desconto” é o eleitor, mais uma vez “embrulhado” pelos folhetos (santinhos) espalhados pela cidade.

O eleitor se depara nas “gôndolas” com candidatos desconhecidos e despreparados o que vem demonstrar que os partidos precisam mudar radicalmente a forma de seleção, embora eles próprios (os partidos) não tenham tanta credibilidade para fazer isto já que a ideologia partidária é “produto fora de linha”.

Falar dos candidatos a prefeito é refletir inicialmente que “planejamento” é mercadoria de difícil aceitação pelos partidos. Os nomes dos candidatos ao executivo municipal, com raríssimas exceções, são decididos em conversas de final de noite, dias antes das “portas” das eleições se abrirem ao público. A pergunta que se faz é onde está a seriedade tantas vezes repetida na campanha eleitoral se os partidos “brincam” na seleção de um candidato a prefeito? Mais uma vez vende-se muito a embalagem sem preocupação com o conteúdo.

Por outro corredor, a informatização nas nossas urnas eletrônicas com a apuração digitalizada tenta esconder um sistema eleitoral que já está com data de validade vencida. Repare na credibilidade das pesquisas eleitorais. Elas seguem uma série de normas técnicas para a sua divulgação, porém, não escapam de serem manipuladas em sua formatação e em seus critérios de amostragem. Particularmente defendemos que a Justiça Eleitoral deveria proibir a divulgação de pesquisas, pois estas perderam a sua autenticidade e veracidade, sendo instrumentos que favorecem determinada candidatura visando apenas confundir o eleitor. Elas poderiam ser feitas pelos partidos e coligações para identificar o diagnóstico do ambiente eleitoral e a temperatura da campanha, mas sem divulgação ao público.

Em outro setor, os debates no rádio e na TV se tornaram palco de disputas pessoais como um tribunal a discutir culpados e inocentes e uma plateia que mais parece torcida organizada, ávida por um “chute para fora” do concorrente. E o candidato? Suando em bicas para tentar formular uma pergunta “inteligente”, pensando na réplica e preocupando-se com a tréplica. Quem sabe ele consegue fazer uma apresentação épica?

Finalizando, este supermercado eleitoral precisa urgentemente de reformas, pois já não atende aos seus consumidores. O eleitor não encontra “os produtos” que deseja e não tem os serviços que merece. Assim, na hora do voto, na boca do caixa, acaba por pegar o primeiro que aparece, até descobrir, anos depois, que comprou “gato por lebre”. Mas aí vem outra eleição e a logística permanece a mesma.

Lembramo-nos de uma frase publicitária veiculada anos atrás que se referia a uma bolacha de consumo popular. “É fresquinho porque vende mais, ou vende mais porque é fresquinho?”. Perguntamos: não temos bons candidatos porque não somos bons eleitores ou não somos bons eleitores porque não temos bons candidatos?



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