sábado, 17 de setembro de 2011

No princípio, tínhamos princípios

No princípio, nossos pais nos ensinaram que era preciso conquistar o pão de cada dia com o suor dos nossos rostos. Que dignidade era sinônimo de honestidade e palavra dada “no fio do bigode” era mais importante que documento registrado em cartório. Que o nome completo de uma pessoa era seu principal patrimônio e a caderneta do armazém deveria ser acertada sem atrasos no pagamento.
No princípio, “Quadrilha” era dança coletiva em festa junina ou mesmo um poema de Carlos Drummond de Andrade. Testamento tinha mais conotação religiosa e vinha geralmente depois da palavra Novo ou Velho e não era objeto de disputa familiar.
No princípio, vendíamos coisas, mas não comercializávamos pessoas e nem nossa honra. Comprado era verbo e não adjetivo. Cultivávamos o interesse em ter amigos e não os amigos por interesse. Não abríamos mão dos nossos valores, que norteavam nossos compromissos éticos e morais e estes não tinham preço.
No princípio, as promessas eram cumpridas e nem eram necessárias notas promissórias. As pessoas nos conheciam pelo que éramos e não pelo que possuíamos. O homem controlava o dinheiro e não ao contrário. A Palavra era propagada antes do dízimo e o crédito era baseado na confiança das pessoas e não em um cartão magnético.
No princípio, ficávamos indignados com a corrupção e assustados com as falcatruas. Comissão era o pagamento lícito pela venda lícita e não propina paga em licitações ilícitas. “Molhar a mão” era sem aspas e significava o ato de limpá-las e não de sujá-las. Existia o interesse público e não a propriedade privada. Caixa era um local de pagamento de contas ou nome de banco e não tinha o 2 depois. Emprego era associado à vaga e não a cabide. Lotear significava dividir um terreno em lotes e não era conjugado a cargos na administração pública.
“No princípio era o Verbo” e tínhamos princípios.
Hoje temos a verba e fins ilícitos.

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