sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

Iraque - "esse não é de araque"

Os últimos acontecimentos na política local é assunto de rodinhas no bar e na esquina. Sobre isto, alguns amigos (mui amigos) me questionaram a razão de não ter escrito nada ainda sobre o assunto. Falar sobre política é mais fácil, porque segue o mesmo diapasão do assunto: ou seja, a gente fala o que pensa e aquilo se dispersa no ar. É tão solúvel e volúvel, quanto às ações políticas. Mas, escrever é pensar muito no que se fala. Devo declarar ainda que, embora a política me seduza, pois, enxergo a seriedade e a importância do tema, não consigo disfarçar o quanto fico pouco a vontade em escrever sobre esta área. Minha maior dificuldade, é que, por mais que me esforce, não consigo entender muito bem como o processo funciona, se é que ele funciona. Sinto-me refém de algo que seqüestra a minha capacidade de compreensão e reação. Penso até em brincar com o assunto e com muito esforço em raras vezes, até consigo. Mas, a política parece fazer isto muito melhor que qualquer um. Ela é que parece brincar constantemente com a gente, mesmo que isto não provoque muitos sorrisos. Acredito que nós, cidadãos comuns, é que não temos o bom humor necessário para entender a piada.
Por exemplo, fala-se que o voto é a possibilidade de escolher os nossos representantes. Mas, como, se os partidos é que determinam os candidatos na chamada lista fechada e ninguém sabe realmente quais os critérios de escolha? O voto é apenas a validação de um sistema que privilegia a política partidária e suas inconsistências e se esquece do necessário gerenciamento da máquina pública.
Aliás, fala-se muito em administração pública. Mas, a maioria dos políticos não fez cursos de gestão, não estudou administração, muitos nem tiveram experiência empresarial comprovada, então, como irão administrar uma empresa prestadora de serviços (prefeitura) com cerca de cinco mil colaboradores, dezenas de setores, com orçamento anual de mais de 600 milhões de reais, e que atende uma clientela aproximada de 200 mil pessoas? A Poços de Caldas bucólica de natureza invejável, de arvores frondosas e de praças que convidavam apenas ao descanso, foi sendo substituída, ao longo do tempo, por uma cidade que, além da sua beleza natural, exige dinamismo, qualificação e preparo do seus dirigentes.
Fala-se em honestidade dos homens públicos, como se isto fosse um grande diferencial. Além de ser pré-requisito, honestidade vai muito além de não ser corrupto. Ser honesto é aplicar corretamente, de forma consciente, organizada, planejada e justificada, os recursos públicos, seguindo, inclusive, o planejamento determinado pelo Plano Diretor.
Apregoa-se aos quatro cantos a escolha técnica de secretários. Mas, como acreditar nisto, se “a dança das cadeiras” é prática recorrente e quem era especializado em samba, passa de repente a dançar valsa e versa e vice?
Indicam-se pessoas para ocupar cargos de confiança, atribuindo à palavra confiança, o sentido de ser fiel, ser leal, ser “amigo do rei”. Um cargo de confiança deveria ser enxergado como “confio que você irá realizar um trabalho à altura do cargo”. “Estou confiante na sua capacidade profissional”. E quando houvesse a exoneração, atitude legítima de quem administra, que fosse baseada em análises de qualificação e desempenho e não em critérios político-partidários.
Ao aproximar-se do momento das eleições, cobra-se do eleitor, o “voto consciente”. Mas, depois do pleito, muitas vezes, inexiste o “governo consciente” das suas responsabilidades, dos seus compromissos, não com os partidos da coligação, mas, com a cidade e suas demandas.
Ouvimos testemunhais pregando seriedade e coerência, mas, o que assistimos é a teatralização na política, sendo que os atores mudam a peça de um momento para outro, sem avisar o público presente na platéia. Os exemplos são tantos que não caberiam neste artigo.
Sei não, vou parando por aqui, pois estou muito mal humorado. Os meus amigos, aqueles mesmos que me pediram uma redação sobre a política local, reclamaram, com razão, que este artigo ficou muito chato, o que concordei. Ao mesmo tempo, me perguntaram se eu tinha algum candidato para as próximas eleições. Refletindo que no Brasil já tivemos a eleição do rinoceronte Cacareco, eleito vereador em São Paulo em 1959, além da candidatura do Macaco Tião para prefeito do Rio de Janeiro em 1988, pensei em lançar, com o apoio de um amigo jornalista, o Iraque- “Esse não é de araque!”. Trata-se do cavalo de charrete que recentemente passou mal por problemas renais e caiu na avenida Dr. Edmundo Cardillo, mas, graças ao atendimento recebido, e a sua força de vontade e raça, está passando bem. Com o Iraque, não haveria mais o trote universitário e a cidade teria um crescimento galopante. Outros slogans poderiam ser criados. “Para não levar um baque, vote no Iraque!”. “Não vote em traque, vote no Iraque – esse não dá chabu”. “Iraque- Melhor que o Barack, que o Kojak, que o Prozac”. ”Para evitar piripaque- vote no Iraque”. “Nem tique, nem taque, o nome é Iraque”. “Com o Iraque, não tem frescura: é uma no cravo e outra na ferradura!”.
Pronto! Minha vingança veio a cavalo.

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